segunda-feira, 7 de maio de 2007

1, 2, 3. MICARANDE OUTRA VEZ!

DESAFIO
Essa história de escrever coluna – por mais esporádica que seja – em um portal de sucesso e prestígio como o iparaiba traz consigo uma responsabilidade que é inerente a qualquer um que se atreva a militar na parcela mais importante da imprensa, na qual se inserem hoje, com grande destaque, os bons portais de notícias.

ELA DE NOVO
Ao usar como tema de duas colunas passadas a Micarande, nas quais expressei críticas ao evento, suscitei algumas reações inesperadas, não que eu duvidasse da alta e qualificada audiência do portal, mas porque não sabia que tanta gente se dava ao trabalho de ler o que escrevo.

BOAS E MÁS
As reações boas são sempre as mais fáceis e prazerosas de ouvir (e ler). Nelas recebi de pessoas conhecidas, ou não, reflexões a respeito do tema, concordando, pelo menos em grande parte, com minhas opiniões. Algumas más reações são dignas de todo o respeito, quando baseadas em opiniões firmes ou fundamentadas em dados inegáveis. Estas também vieram e foram ouvidas (e lidas) com muita atenção.

DESAFIADORAS
Mas há os desafios. Vindos de várias pessoas que me perguntaram se, já que eu estava criticando, por que não sugeria o que seria viável no caso do fim da Micarande. Passada a festa procurei “ficar na minha”. Muita gente criticando, muita gente defendendo e eu calado (de dedos quietos), pois já tinha escrito tudo o que tinha a dizer.

E AÍ?
Mas até agora algumas pessoas que teimam em ler o que escrevo me perguntam se a Micarande confirmou mesmo o que eu previa e, em confirmando, o que eu achava que deveria ser feito. Até recebi um e-mail de um cidadão que me parece muito lúcido e se declara completamente apartidário propondo-me que divulgue minhas idéias para ver se alguma das instituições que defende o fim da Micarande a transforma pelo menos em um projeto para ser discutido publicamente.

ENTÃO TÁ!
Sendo assim, deixando de lado a minha vontade de não mais falar do tema, até para não ser mais acusado de servir a quem não me serve, vou tentar aqui expor de forma simples e sem muitos rodeios o que vejo como solução para o que interpreto ser o ocaso e, por conseqüência, inevitável fim da Micarande.

CÂMBIO
Da última vez em que versei sobre o tema fiz questão de enfatizar que não defendo o fim, puro e simples, do nosso carnaval temporão. Acredito na possibilidade de que venha a ser a maior marca do governo de Veneziano não a extinção da Micarande e sim a criação de um novo evento, mais moderno, abrangente, cultural, democrático e com maior potencial de tornar-se perene.

ÉPOCA
Para começar, acredito que a Micarande é meio fora de época mesmo, senão vejamos: no primeiro semestre a agenda de Campina tem os grandiosos eventos “sagrados” e “profanos” do carnaval, logo em seguida já vem a Micarande e depois o São João. Já no segundo semestre contamos com o valioso Festival de Inverno e só vamos ver algo grandioso novamente nas festas natalinas. Agosto, setembro, outubro e novembro na maior morgação...

PARABÉNS
No aniversário de Campina, que por acaso cai numa data extremamente favorável, pois sempre tem o feriado de Nossa Senhora Aparecida por perto, até hoje não se conseguiu emplacar nada de significativo. Patinamos em vários “eventos de outubro” mas nenhum realmente “fechou de cadeado”. A cidade ainda não tem a festa que merece.

CALENDÁRIO
Pois minha primeira proposta seria justamente esta: a mudança da festa do período de abril para outubro, primordialmente nos dias 11 e 12 de outubro ou, no mínimo, no final de semana mais próximo a eles; e sempre com duração de quatro dias, de preferência de uma quinta a um domingo, exatamente como a Micarande.

LOCAL
O Parque do Povo, sem dúvidas! Mas com algumas mudanças estruturais significativas, a começar pela Pirâmide, que nestes dias perderia pelo menos uma parte da sua cobertura para que pudesse ser transformada no palco da festa. Sob o nosso cartão postal seria instalada toda a parafernália de som e luz, camarins, salas de apoio e coisas do tipo.

GRANDIOSO
A exemplo do que ocorre em shows realizados na Praça da Apoteose, a estrutura marcante da Pirâmide já seria uma grande marca do evento, ainda mais com a aplicação sobre a mesma de recursos de iluminação, pirotecnia e, lá embaixo, de um enorme palco giratório, também comum em vários eventos da mesma natureza.

PLATÉIA
Os espaços para a platéia seriam três. O primeiro e sagrado seria o chão calçado do vão central do Parque do Povo, onde o povo ficaria à vontade para acompanhar a toda programação de forma privilegiada. O segundo seria uma grande plataforma, junto ao Centro Cultural, onde seriam instaladas centenas de mesas de pista, com serviço de restaurante, para o pessoal mais “família”. Finalmente, camarotes, instalados no mesmo lugar onde o são na Micarande, para acomodar autoridades, convidados de empresas, patrocinadores e festinhas particulares de colunistas descolados.

IMPRENSA
Confortavelmente instalados na sacada do Centro Cultural, os órgãos de imprensa poderiam fazer sua cobertura tranqüilamente e para acesso aos demais locais da festa eu me atreveria a propor a construção de um túnel de serviço que ligasse o Centro Cultural aos camarotes e à Pirâmide. Túnel este que, aliás, também seria muito útil durante o São João.

ACESSO
Para garantir ao evento segurança e PAZ, a arena central deveria ser cercada, como acontece no Natal, e só poderiam entrar as pessoas que passassem pelos detectores de metal instalados e que apresentassem um documento de identidade a um sistema que capturasse suas imagens. Este sistema também já existe, mas eu garanto que ali na UFCG tem gente que desenvolve um melhor.

ARRECADAÇÃO
Eu até sugeriria que a entrada do “povão” fosse condicionada à doação de um quilo de alimentos, mas como os famintos também têm sede de cultura outras formas de captação de doações podem ser estudadas, por exemplo, como a troca de alimentos por camisetas para uma “área vip”, ali pertinho do palco, no “gargarejo”. Seria um “Laranja Cravo” parado – e lotado.

PROGRAMAÇÃO
Pronto, temos a arena, o palco, as mesas, os camarotes, as cabines, o túnel... Mas e as atrações? Como fazer com que a festa não sofra do mal da Micarande, que passa por mal bocados sempre que o axé entra em crise ou que suas maiores estrelas “se confundem” no agendamento de seus compromissos? A resposta é MODA E TRADIÇÃO! O povo gosta de moda. Canta o que está na moda, dança o que está na moda, mas também há músicas e artistas que não saem de moda nunca. Este balanceamento seria o diferencial do evento, pois que ele seria público e, portanto, não completamente dependente do mercado.

SUPOSIÇÕES
Exercitando um pouco de criatividade e conhecimento do mercado do show-business, poderemos aqui brincar um pouco de propor algumas situações, com cinco momentos diferentes e musicalmente temáticos. Consultando o calendário e verificando que este ano o aniversário da cidade cai na quinta e o feriado das crianças na sexta, eu poderia visualizar o que seria interessante para uma primeira edição do evento.

QUINTA-FEIRA (11/10)
No aniversário da cidade, véspera de feriado, eu imagino uma noite de abertura mais tradicional. MPB! Começando a noite, as estrelas da nossa música local. Kátia e Gabimar, Tony Dumont, Fidélia Cassandra, Tan, Fábio Dantas e tantos outros, juntos, em um show de celebração à cidade. Logo depois, quem sabe, Djavan, Milton Nascimento, Emílio Santiago, Ana Karolina, Zeca Baleiro, Maria Betânia, Caetano, Gil ou Ney Matogrosso? Um destes seria ótimo. Dois ou três seria um estouro!

SEXTA-FEIRA (12/10) – TARDE
Dia das Crianças merece programação especial. A tarde seria delas, quem sabe com a volta da “talentosa” Kelly Key, junto com seu “ex-amor” Latino. Ou a Turma do Didi, quem sabe. Talvez ano que vem, num sábado, pudesse ser Xuxa!

SEXTA-FEIRA (12/10) – NOITE
Sexta tem cara de boate! E o Parque do Povo poderia ser transformado em uma neste dia, com a presença de alguns deejays nossos, como a galera do projeto Maquinaria, e outros, da pesada, que animam as pistas mais animadas do Brasil e do Mundo, além daqueles artistas que fazem ferver ao vivo, como Edson Cordeiro, Ed Motta ou o bom e velho Benjor! É pra se esbaldar...

SÁBADO (13/10)
O sábado é pop! A festa começaria com as nossas estrelas rockeiras, como HiJack, Senhoritas, Cabruêra, Artigo 5º e outros tão bons quanto. E pra levantar poeira uma mistureba com pitadas de bandas como Jota Quest, Skank, Barão Vermelho, Paralamas ou Kid Abelha, apimentadas pelo suíngue baiano de Ivete, de Daniela, do Babado, Asa ou Chicletão. Quem resiste?

DOMINGO (14/10)
Festa boa acaba no desmantelo! No domingo, pra fechar com chave de ouro, o pop-brega tomava conta do pedaço, com as introduções melodiosas de Inaldo e Paulo Rubens, Naninha e Zezo e o fechamento grandioso de estrelas como Fernando Mendes, Adilson Ramos, o Rei Reginaldo, Amado Batista e Waldick Soriano, por exemplo. Imagine uma presença internacionalmente brega, como Manolo Otero...

SÓ ISSO?
Claro que não. Uma das coisas interessantes desse modelo são as possibilidades de mudanças e adaptações constantes. Noite romântica com Roberto Carlos; de samba com Alcione, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão; de Pagode com Inimigos da HP e Raça Negra; de forró (tradicional, eletrônico ou universitário); de ritmos latinos com Calypso e Capim Cubano. O que vejo é uma festa nova, diferente e oxigenada a cada ano.

VIABILIDADE
Mas será que uma festa dessa seria viável? Perguntarão alguns. Partindo do ponto de vista de que a Micarande deste ano, conforme divulgação da Prefeitura, teve 15 grandes atrações, dá que sobra. Mas há outros aspectos que devem ser levados em conta, como a existência de apenas uma estrutura de som e luz e não de dezenas de trios elétricos + um palco; a concentração da festa em apenas um espaço, diminuindo despesas de iluminação pública, segurança, transporte, sinalização e tudo mais; a possibilidade muito maior de negociação com os artistas, pelo evento ser multi-estilo e eles não poderem botar “pé no bucho”.

DESVIOS
E, finalmente, o que considero o mais importante: o Patrocínio! Na Micarande existe um fenômeno lamentável de patrocínio pirata, pois enquanto algumas empresas investem oficialmente na festa, outras, ilegalmente, se aproveitam da impossibilidade de controle para fazer merchandising e realizar vendas de forma alternativa. São bebidas, principalmente, mas também há outros produtos.

VANTAGENS
Numa festa como a que visualizo, com arena fechada e até as cercanias vigiadas, não há outra hipótese de associação de marca ou exclusividade de consumo que não seja “morrendo” com uma boa verba nos cofres da Prefeitura. A própria captação de patrocínios oficiais, em Brasília, seria menos complicada – pelo valor multicultural da festa – e, em se tratando de mercado comercial, desde que feita profissionalmente, seria exitosa na certa.

VANTAGENS II
São inúmeras, mas começam obrigatoriamente pela saída muito menor de grana da cidade. Logicamente os artistas receberão os seus cachês, mas só isso, sem direito a participação em lucros de blocos, aluguel de trios, carros-de-apoio, fabricação de abadás, patrocínios na fonte e outras gulodices financeiras.

VANTAGENS III
Gente bonita e bem vestida representa comércio aquecido. Nada melhor do que quatro dias de festa para vermos as lojas de roupas, calçados, acessórios, cosméticos e outras “necessidades” lotadas; as academias, clínicas de estética, salões de beleza abarrotados; os hotéis, pousadas, apartamentos de estudantes, restaurantes, lanchonetes, traileres e supermercados apinhados de gente. Campina em êxtase!

VANTAGENS IV
Com a transferência da festa para o segundo semestre, não só há um espaçamento maior entre os eventos do calendário, proporcionando maior tranqüilidade – ou menos dores de cabeça – aos organizadores, como, acredito eu, o ano poderia começar em Campina, como em todo o Brasil, depois do carnaval e não da Micarande, que, no mínimo, nos impede de “pegar o embalo”.

DESVANTAGEM
Não considero, mas alguns haverão de suscitar o fato de que a festa acontece em um período de efeverscência política, nos anos eleitorais, precisamente entre o primeiro e o segundo turno, já comuns na nossa Paraíba. Minha opinião é que o povo, a cidade, o comércio e, principalmente, o processo eleitoral não têm nada a ver com isso. Mas, se ajudar em alguma coisa, posso garantir que oferecer uma festança dessa à cidade exatamente nessa época será uma ótima maneira de reforçar a imagem.

É ISSO
Para aqueles que, de certa forma, me desafiaram a apresentar uma idéia subseqüente à minhas críticas, aí está. Para aqueles que criticam a Micarande por verem ou sofrerem os efeitos de sua decadência, espero que possa servir como base de discussão para uma proposta de consenso. E para os que defendem que a Micarande ainda é o modelo mais acertado de evento popular de rápida execução e atração turística para Campina Grande, um abraço!

AH!
E para não dizer que não falei das flores, a programação d´O Maior São do Mundo 2007 tá “pra arrombar”!!!
* O título desta coluna é o slogan da terceira Micarande, criados (o slogan e a festa) pelo "Mano" Lucas Sales.

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