segunda-feira, 15 de maio de 2006

PRIMÓRDIOS DA ANIMAÇÃO GRÁFICA EM CAMPINA GRANDE

Artigo apresentado como pré-requisito para cumprimento do componente curricular Ferramentas de Animação, sob orientação do Professor João Neto.


Era o final de 1986 quando o então Diretor de Programação da TV Borborema, afiliada da Rede Globo em Campina Grande, transformava em realidade o sonho de montar a primeira produtora de vídeo profissional de Campina Grande.


Afonso Marreiro, ex-desenhista e chargista do Diário da Borborema, fascinado pela produção em vídeo, produzia comerciais para a única emissora do estado ainda em VHS e montava seus filmes nas máquinas da própria emissora, que normalmente não cobrava por tal serviço, incluindo-o nas verbas investidas pelos anunciantes para a exibição dos comerciais.

A NO AR Produção Comercial e Propaganda iniciou suas atividades na sala 09 da sobre-loja do Edifício Rique, localizado à Rua Venâncio Neiva, onde também funciona a emissora, contando com o patrimônio de uma câmera Sony DXC-1820, um gravador de externas U-Matic VO-6800, dois Vídeo Tape Recorder de Mesa Sony VO-2680, carinhosamente chamados de “jacarés” pela habilidade incomum de “engolir” fitas.

Estes e outros equipamentos, como gravadores de rolo Akai, mixer de áudio Polivox e tripé em ferro eram o pecúlio resultante da participação de Afonso na campanha do então Senador Raimundo Lira e pertenciam originalmente à produtora CONVÍDEO, de João Pessoa.

Até aquele momento toda a produção de comerciais exibidos em Campina Grande era feita em película de Super 8 ou 16mm, pela Cinética de Machado Bitencourt, importada de produtoras como a Vídeo Frame, das organizações Arnon de Mello (TV Gazeta) de Alagoas ou da produtora da TV Globo de Recife, além das produções “caseiras”, da própria TV Borborema, em VHS.

Não se tem notícia de que antes desta época tenha sido produzido qualquer material que possa ser considerado animação em Campina Grande, embora algumas empresas, como as Casas José Araújo ou as Lojas Pernambucanas, utilizassem técnicas específicas em suas assinaturas, produzidas quase sempre em São Paulo.

O mais próximo que se chegava de animações na publicidade eletrônica campinense eram os tradicionais VTs de promoção criados pela agência Vitória Régia, do publicitário José Tavares, onde figuras recortadas em cartolinas se alternavam rapidamente na tela para anunciar as promoções das mais tradicionais malharias de Campina Grande.

Em meados dos anos 80, logo após a inauguração da TV Paraíba, que tirou da TV Borborema a concessão da Rede Globo, o fantasma da concorrência começou a rondar o mercado até então dominado com exclusividade pela NO AR. Estabelecida em Natal, a empresa Provídeo começou a investir no mercado de Campina Grande para o fornecimento de filmes comerciais com qualidade superior, produzidos com as moderníssimas câmeras 3CCD, pois até então a captação de imagens pelas câmeras de vídeo era feita através de um ou mais tubos, e com ilhas de edição das linhas VO e BVU, da Sony, controladas por equipamentos que sincronizavam duas ou até três máquinas, que eram capazes de efeitos especiais como o slow-motion e o A/B roll.

A chegada da Provídeo forçou a modernização da NO AR e por volta de 1988 eu, que na época era o editor de imagens da empresa, fui enviado a João Pessoa para retirar em uma das várias produtoras já existentes na capital um equipamento que seria a grande arma da NO AR contra a concorrente: um computador AMIGA 500. Na visita à empresa do diretor Weber Luna, que não deveria durar mais que algumas horas, eu receberia ainda todas as instruções necessárias para operar com facilidade o novo equipamento. Ao chegar fui recebido pelo filho de Weber, Max, que interrompeu um de seus jogos eletrônicos – o AMIGA foi também conhecido pelos games – para fornecer-me informações básicas a respeito do equipamento, que visavam muito mais que eu não o quebrasse tentando aprender a usar do que propriamente a boa operação do mesmo.

Lançada em 1984 pela empresa canadense Commodore, a série AMIGA foi criada por Jay Miner, até hoje um dos mais respeitados gênios da informática, porém desconhecido do grande público graças ao crescimento de concorrentes como a Microsoft e a Apple.

O primeiro computador da série foi o AMIGA 1000, lançado em 23 de julho de 1985, mas o grande sucesso da linha foi realmente o AMIGA 500, lançado no início de 1987, com processador MC 68000 de 7.14Mhz, 512Kb de memória RAM, drive para disquetes de 880kb, mouse e sistema operacional AmigaOS 1.2. Caso quisesse trabalhar com HD, este teria que ser externo, com até 20Mb, e poderia ser importado quase pelo mesmo preço do próprio computador (US$ 1.000).

Era realmente impressionante o que o valente AMIGA 500 conseguia fazer com tão pouco!

Chegando a Campina Grande com o equipamento, após ver o que Max “aprontava” em João Pessoa, declarei que estávamos com um grande trunfo nas mãos, pois a aquisição do computador representava uma aposta arriscada em um mercado que ainda não assimilava ainda a convergência do vídeo com a computação, exceto em projetos extremamente profissionais e financeiramente vultosos de algumas redes nacionais e empresas de produção com qualidade broadcast.

Não foi pequeno o trauma ao perceber que a máquina não aceitava os comandos repassados pelo “professor” e tão arduamente decorados e anotados ao longo da viagem de volta. Quase duas semanas se passaram da mais profunda decepção – mais comigo do que com a máquina – e de negativas de Max em deslocar-se a Campina Grande para finalmente fazê-la funcionar até que alguém finalmente percebeu que o computador, montado em um só gabinete (teclado, cpu e drive de disquete) tinha era uma pequena rachadura na placa principal, que causava um mal contato e impedia a recepção dos comando enviados pelo teclado. Após aquele dia, era normal para nós e muito estranho para os que não fossem acostumados ao nosso cotidiano, dar uma “torcidinha” no gabinete quando ele recusava-se a “trabalhar”.

O AMIGA é considerado o primeiro computador com reais qualidades para a produção de vídeo acessível ao mercado, inicialmente pela sua saída de vídeo ser idêntica a dos vídeocassetes, através de vídeo composto, por um cabo com conectores RCA, o que possibilitava que o que aparecia na tela fosse gravado em vídeo, fazendo com que o AMIGA gerasse slides computadorizados para os comerciais da época. Além disso, havia os programas especializados, como o Vídeo Title, o TV Text e o TV Show, que era realmente o meu preferido e já trabalhava, vejam só, com alguns dos conceitos utilizados até hoje, como a marcação de key-frames para determinar os pontos de início e final de uma animação.

Foi com o TV Show que produzi, no finalzinho dos anos 80, as primeiras vinhetas animadas em computação gráfica da TV campinense, formadas quase sempre por letras em baixíssima resolução para os padrões atuais, que poderiam utilizar-se de 8,16, 32, 64 ou até 4.096 cores, que percorriam rapidamente a tela e formavam palavras, frases ou cópias distorcidas das logomarcas dos clientes, com uma “marca registrada” que era uma pequena “piscada” antes do último frame.

A memória de 512Kb daquele AMIGA 500, que não tinha HD, me permitia animar até 60 frames com 8 cores ou 15 com 16 cores. Comumente era utilizado um efeito de vai-e-vem para driblar a pouca capacidade do equipamento e duplicar o tempo de animação.

Além dos muitos filmes comerciais, o primeiro programa da TV campinense a utilizar as animações do AMIGA 500 foi o CCAA TV, que eu escrevia, gravava, editava, produzia e dirigia no ano de 1991. O programa era exibido pela recém inaugurada TV Paraíba e foi o primeiro de produção independente a ser exibido na Paraíba. Ia ao ar nos domingos pela manhã, ocupando o horário e privando os campinenses, vejam só, das primeiras temporadas de Os Simpsons.

Logo após a compra do AMIGA 500 um episódio marcante aconteceu. Ao voltar de uma gravação externa, fui informado pelo cinegrafista Carlos Alberto Xapéu, meu colega na NO AR, que havia estado lá um garoto que conhecia o AMIGA e que dizia haver um aparelho chamado GENLOCK, que possibilitava a superposição dos gráficos do AMIGA nas imagens em movimento.

Profissional experiente no mercado, assistente e seguidor de Machado Bitencourt, Xapéu achou que o garoto não sabia o que estava falando e não o levou a sério.

Aquele garoto era Sílvio Toledo, que iniciava nesta época as suas visitas cotidianas à NO AR, sempre para descobrir mais sobre a área e falar sobre a magia da animação.

Ainda em 1991, após ser levado à empresa Laser Engenharia pelo publicitário Walter Carvalho, Sílvio Toledo foi contratado para produzir o primeiro comercial em animação de Campina Grande. Para que o contrato fosse possível, abriu mão de diversas especificidades do trabalho, substituindo, por exemplo, o acetato próprio para a animação por transparências utilizadas para fotocópias e a tinta especial para animação por tinta acrílica utilizada para pintura de paredes.

Após semanas de trabalho para desenhar e colorir os quadros que formariam uma estória que ilustrava um jingle do anunciante, Sílvio chegou à NO AR com a grande caixa de material e desesperou-se em seguida ao perceber que o incorreto acondicionamento das transparências na caixa havia feito com que a maioria dos desenhos grudasse entre si, fazendo com que grande parte do seu trabalho estivesse completamente perdido.

Como não havia mais tempo nem dinheiro para refazer o trabalho perdido, decidimos produzir o filme com o que tínhamos e iniciamos a gravação dos quadros. O processo era feito através de uma câmera Sony U-Matic DXC M3A, com a qual eu captava alguns segundos de cada quadro, para, em seguida, montar frame a frame no velho VTR, auxiliado por um controlador remoto modelo Sony RM450. Embora em alguns trechos o filme tenha tido não mais que sete frames por segundo, o filme foi um sucesso e Sílvio “animou-se” para a carreira que deveria seguir, lançando em seguida o seu personagem Godofredo, que assemelhava-se muito ao personagem principal do comercial da Laser.

Embora este tenha sido o primeiro filme comercial de animação produzido em Campina Grande, outro foi realizado logo em seguida, para o mercado local, com criação e concepção técnica feitas por mim, porém produzido em Natal, pela Provídeo, em vista das condições inexistentes para que o processo fosse feito em Campina Grande.

O título do filme era “Arraial da Saúde”, a agência foi a Takes – de Miriam Ribeiro – e o cliente, o Grupo JB Dantas (atual Farmácia dos Pobres). A minha idéia era produzir um filme onde caixas e vidros de medicamentos simulassem uma quadrilha junina, em meio à maquete de um arraial, com direito a fogueira, bandeirolas e todos os “atores” e “atrizes” devidamente paramentados. Após “vender” a idéia para Miriam e Joãozito (diretor do Grupo JB Dantas), levei um bom tempo para explicar para Tony, proprietário da Provídeo, como ele conseguiria realizar a idéia, pois eles jamais tinham feito nada do gênero até então.

O resultado foi então o primeiro e talvez único comercial produzido com a técnica do stop motion – embora eu nem soubesse que ela existia na época – especificamente para o mercado de Campina Grande. O “Arraial” foi o vencedor, em 1992, do primeiro lugar na categoria mercado (a mais disputada) da primeira edição do Prêmio Criatividade, até hoje promovido pela Rede Paraíba.

Uma outra experiência pode ter significado a primeira incursão do 3d na publicidade campinense. Com uma caixa em papelão azul, onde foi desenhada a logomarca do supermercado Serve Bem, presa a um toca discos com um lápis como haste, simulamos um cubo em 3d, com o efeito Chroma-key, na época disponível apenas na TV Paraíba, através do equipamento CRK-2000.

Em 1994, já instalada no recém-construído Empresarial Metropolitan, a NO AR adquiriu o equipamento que foi sem dúvidas a sensação das produtoras de pequeno e médio porte nos anos 90: o computador AMIGA 4000, equipado com a placa VIDEO TOASTER.

A VIDEO TOASTER, como o próprio nome sugere, era uma estação de produção de vídeo extremamente prática, rápida, potente e eficaz. O AMIGA 4000 era equipado com um processador 68040, que operava a uma velocidade de 25Mhz, com 2Mb de RAM, Drive para disquetes de 3.5”, controladora IDE, HD de 80Mb e sistema operacional Amiga DOS 3.0, além do AGA chip set, que permitia mostrar até 256.000 cores, enquanto os chips concorrente permitiam mostrar apenas 4.096.

A estação era formada por dois módulos de trabalho. O primeiro simulava uma mesa de efeitos na tela do computador e possibilitava fazer a transição entre duas imagens ou inserir elementos gráficos em movimento sobre as imagens. O segundo módulo era um programa de animação dividido em dois módulos, sendo um para modelagem e ou outro para animação propriamente dita: o LIGHTWAVE.

Durante os primeiros meses de utilização da Vídeo Toaster, o Lightwave era um grande mistério para mim e só depois de muitas tentativas consegui começar a entender o seu funcionamento, produzindo então as primeiras vinhetas realmente em 3d do mercado, que nada mais eram do que as mesmas do TV Show, agora com mais cores, perspectiva, volume, luzes e tudo o que a primeira versão do programa já permitia.

Em 1995, contratado pela agência JTP, produzi para o anunciante MOTORTRAFO o que pode ser considerada a primeira vinheta em 3d de Campina Grande, onde consegui reproduzir ainda de forma tosca uma rua com três postes, num dos quais estava um grande transformador cinza, de onde sairiam faíscas que formariam as letras da logo da empresa.

Nesta época as vinhetas em 3d tornaram-se mais populares em João Pessoa, quando Luciano Piquet, hoje proprietário da bem sucedida empresa Parai, utilizava com perfeição o 3D Studio para simular principalmente os ambientes dos melhores apartamentos comercializados no nordeste.

Daí pra frente, o mercado de animação de Campina Grande, ao invés do que poderia se esperar, encolheu, se considerarmos a sua força inicial.

Hoje, são realmente muito poucos os usos da animação tradicional ou em 3d para peças comerciais produzidas na cidade, sem falarmos em outras técnicas, como o stop-motion, jamais utilizada novamente.

Embora a empresa S. Toledo tenha sido criada para atender a uma possível demanda de um mercado potencial, este jamais existiu de fato e a empresa, como várias outras de ponta em suas áreas, direciona toda a sua produção para mercados externos, inclusive internacionais.

Hoje Campina Grande conta com quatro produtoras de vídeo profissional (NOAR, Ruan, Ativa e FK) e nenhuma delas está apta a produzir com seus próprios recursos técnicos ou humanos, peças de animação de personagens, por exemplo, embora utilizem os mais modernos softwares disponíveis no mercado, como 3DMax, Lighwave, Maya e Adobe After Effects, porém simplesmente para animação básica de letterings e logomarcas.

sábado, 25 de fevereiro de 2006

POR QUE O SENHOR NÃO ARRANJA UMA LAVAGEM DE ROUPA?


O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Dr Roberto Antônio Busato, tem se revelado um incansável defensor dos interesses públicos, através de temas como o fim do nepotismo em todos os poderes ou a “transposição” do Rio São Francisco. Há bem pouco tempo, Dr Roberto também tentou emplacar uma campanha pró-impeachment do Presidente Lula e, aqui na Paraíba, fez uma “zuada” danada para diminuir as custas processuais.

À primeira vista, podemos observar que o atual presidente da OAB é um homem altamente engajado em temas de interesse social, mas basta uma segunda análise superficial para notar que ele na verdade é muito é afeito a um holofote, microfone ou qualquer outro dispositivo utilizado pela imprensa para captar suas imagens, sons e opiniões. É impressionante como ele gosta de aparecer! Cai de pára-quedas nas discussões mais em alta nos espaços políticos e exprime sua posição completamente subjetiva ou, pior, populista, a respeito de temas dos quais entende muito pouco ou quase nada.

Poderia aqui falar sobre a necessidade que os estados nordestinos “off-São Francisco” têm de receber 1% da água do São Francisco e dos interesses políticos dos Baianos, alagoanos e sergipanos maquiados de preocupação com a preservação do meio ambiente.

Poderia também falar sobre a falta de informação do Dr Roberto ao defender a pura e simples diminuição das custas processuais na Paraíba alegando que aqui é mais caro que em São Paulo, mas sem observar o nível de pobreza no nosso estado e a quantidade de pessoas que recebem o benefício da justiça gratuita e sem revelar que a diminuição de custas beneficiaria principalmente as grandes corporações, que não podem alegar serem “pobres na forma da lei” e que patrocinam a justiça gratuita para aqueles que são justamente por elas enganados.

Mas o que quero falar mesmo é sobre essa agonia do presidente da OAB para acabar com o nepotismo em todos os poderes, estendendo o que já aconteceu no judiciário ao legislativo e ao executivo. Ninguém por favor ache que eu defendo o nepotismo, mas há que se observar certas diferenças importantes entre os poderes.

Enquanto no judiciário os juízes passam por concurso para serem admitidos no serviço público, no legislativo e executivo é o voto que leva os ocupantes aos seus respectivos cargos. Alguns podem dizer que é ainda mais grave o nepotismo nestes últimos casos, pois os políticos são eleitos sem comprovação de competência. Porém é justamente neste aspecto que está o problema, pois os dirigentes do judiciário são escolhidos por sua competência técnica e os políticos por sua postura pública.

Chegamos ao ponto. Se um juiz, que deve ter uma postura de inequívoca imparcialidade e precisa, sobretudo, estar sob estrita vigilância da população, começa a encher os serviços da Justiça com seus parentes, como se dará a fiscalização do processo de julgamento das causas de interesse da população e, mais grave ainda, como um parente de um juiz será aprovado pela população, que não colocou o seu patrono no cargo e não pode retirá-lo nunca?

Com os tribunais lotados de parentes de juízes, a população fica prejudicada de várias formas. Por não poder “julgar” as ações dos magistrados, por não ter direito a reclamar de serventuários com costas extremamente largas, por não ter acesso aos cargos ocupados por estas pessoas que não têm competência comprovada e, principalmente, na maioria dos casos, por ter a partir do trabalho destas pessoas uma justiça de má qualidade e sem a isenção e transparência necessária.

Por outro lado, como fica um legislador ou governante não podendo abrigar junto a si pessoas que demonstraram competência desde o processo que o levou ao cargo, cabos eleitorais que lhes dão votos e que, por isso, têm, eles próprios, a aprovação de grande parte da população, da qual eles quase nunca são escondidos. Na maioria dos casos, ser parente de político com cargo representa ter muito trabalho dentro e fora da repartição, interagindo com a população e assessorando seu chefe político e familiar em tempo integral. Mais uma vez me vejo na obrigação que não defendo o nepotismo, não sou parente de nenhum político e o único cargo público que ocupei até hoje foi por exclusiva competência técnica.

Em síntese, depois de muitos rodeios, minha opinião clara e simples é que o judiciário não deveria ter NENHUM cargo sequer que não fosse ocupado por servidores concursados e que seria muito mais útil lutar para acabar com os cargos comissionados e os serviços terceirizados na justiça, em todos os seus níveis.

Já no caso dos poderes legislativo e executivo, muito mais certo seria estipular regras claras, para que sejam admitidos em cargos comissionados parentes de políticos apenas em cargos eminentemente políticos, sem qualquer característica técnica, com regras especiais de remuneração e, mesmo assim, sempre com um funcionário concursado equivalente ou superior, além da necessidade de aprovação interpoderes, no caso de cargos executivos, como forma de comprometer a todos. No final, se houver abuso, basta esclarecer a população e o voto resolve.

Quanto ao Dr Roberto Busato, além de defender estas propostas, muito menos populistas e bem mais interessantes para o povo (nós!), por que não propor, por exemplo, que os detentores de cargos públicos e seus parentes com cargos sejam, por exemplo, proibidos de utilizar serviços particulares que sejam providos pelo estado, como saúde, educação e segurança. Em outras palavras, o político ou o seu parente ocupante de cargo comissionado só poderiam ter atendimento de saúde pelo SUS, estudar em escolas públicas e receber proteção exclusivamente da polícia.

É uma pena que ele não vai ler isto, mas como você está lendo pense um pouco a respeito antes de ler as notícias que o Dr Roberto cava diariamente em toda a mídia.

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Rolling Stones AO VIVO! (?)

COMEÇOU...


21h19 aqui em casa. Acaba de começar o Show de Mick e seus velhinhos amestrados. O ao vivo da Globo não é tão ao vivo assim. Como sempre... Mas como é a Globo, não vamos dizer que seja um "gato por lebre". Está mais para "Cachorro por Bode!".
(Mick Jagger acaba de dizer BOINOITJE!)
Já sabia que o show não ia ser "muito" ao vivo, afinal todas as vezes que os apresentadores de todos os programas da Globo falaram do Show (do Jornal Nacional ao Globo Rural!) eles diziam que a emissora iria "exibir" o show e não "transmitir".
A Globo é foda mesmo, porque ela pode furar a si mesma durante o show. Imagina que o palco começa a se mover 60 metros pra cima da platéia e então:
a) O troço descarrilha e passa por cima daqueles motoqueiros que viajaram 1.500km pra ver os "pedras rolando";
b) A Luciana Gimenez pula no palco e fala quanto é 2 + 2;
c) Um maluco que desceu de uma das favelas puxa um AR-15 de dentro da bermuda de labaredas e dispara uma rajada nos peitos do beiçudo ou arranca um dos dedos atrofiados daquele cara que é a cara daquela véia do Zorra Total (e tem a mesma voz rouca também).
De repente, no meio do show, a Globo entra com o seu faminto e sanguinolento enxame de microfones e mostra o que? O mesmo show, quatro músicas depois, com o sinistro em pleno andamento. Os desavisados de plantão, enganados pelo jogo de palavras da vênus platinada irão coçar as cabeças, esfregar os olhos, beliscar os ante-braços e perguntarem para si próprios:
A) PERAÍ, CACETE, COMO FOI QUE ESSE NEGÓCIO APARECEU?
B) SERÁ QUE A GLOBO TÁ FAZENDO TRANSMISSÃO DO FUTURO?
C) SERÁ QUE É A MÃE DINÁ QUE ESTÁ DIRIGINDO O ESPECIAL?
D) SERÁ QUE É ARMAÇÃO?
ou simplesmente:
TODAS AS ANTERIORES) QUE PORRA É ESSA???
(pense numa onda é ele tentando falar "carioca". Parece a galera que sai lá do curimataú pra ir trabalhar na obra. Agora os boys daqui vão poder dizer que têm um sotaque british-carioquish. Ou eu vou poder dizer que o Mick é meio "DUSÍTIO")
Se você tá pensando que minha intenção aqui é fazer algum tipo de crítica, nada disso. Este é o melhor elogio que posso dar ao maior evento do Rock já realizado em terras brasileiras, com certeza (e não me venham falar em Rock in Rio que não aceito).
Primeiro a Globo arranja um jeito de botar os caras pra tocar de graça pra 2 milhões de pessoas, ao invés daquelas platéiazinhas VIPs de antes. Tudo bem que 1,5 milhão de pessoas não sabem bem o que estão fazendo ali E 1,95 vão ver pela TV exatamente como eu, olhando pra o telão enorme e vendo três pequeniníssimos vultos ciscando na frente do palco, além de um mínimo cotonete por entre os pratos da bateria.
Depois a Globo dá uma esnobada nos caras, deixando o "ao vivo" pra depois que a doida da novela encontrar o marido com a filha na cama do casal e que o baiano burro disser o próprio nome como sendo de seu irmão no BBB.
Mas, falando sério, o que achei do Caralho mesmo foi o começo do show com o som estando "uma merda" (bateria prum lado, guitarra pro outro, voz de Mick lá embaixo). Isso mostra, primeiro, que não estamos assistindo Sandy & Jr (ou seja, "no playback") e, segundo, que não é porque os caras têm a maior produção de som, luz, palco e drogas do mundo que eles vão deixar de serem, essencialmente, ROCKERS, porque na terceira música já estava tudo ABSOLUTAMENTE PERFEITO!
No final, quem ganhou fui eu! O UOL falou que o show começou às 21h50. Como eu não tô no horário do verão, começou aqui em casa às 21h18. Ou seja, 32 minutos antes! Assim, vou parar de digitar e prestar bem muita atenção, pois caso aconteça alguma coisa importante eu ligo pra Central Globo de Jornalismo e aviso:
- Olha, daqui a uns 15 minutos o Mick Jagger vai cair duro no meio do palco, dizendo: I AI BUENOS AIRES!!!!!
Pense que hoje eu tô doido pra furar a Globo!
Que lezeira....... :-)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Como desistir da Universidade antes do Vestibular

Acho que o texto abaixo explica-se por si só...

Clique na imagem para visitar o site.


Prezados Senhores,

Espero que possam reservar um pouco de seu tempo para a leitura desta correspondência e solicito que a mesma seja encaminhada ao Coordenador do Curso de Marketing e Propaganda.

1. UMA PEQUENA INTRODUÇÃO:

Antes de mais nada, acho propício apresentar-me. Meu nome é Emerson Saraiva, tenho 33 anos, nasci e moro em Campina Grande, na Paraíba, onde trabalho como publicitário, produtor de vídeo profissional, consultor de marketing e artista multimídia. Me desenvolvi profissionalmente ao longo de 20 anos atuando no mercado, em agências de publicidade, produtoras de vídeo e empresas promotoras de eventos, basicamente, em várias cidades do Nordeste e também na Europa.

Apesar de tanta experiência, faltava ao meu currículo a imprescindível base teórica, necessária principalmente nos momentos de disputa de empregos e contratos. Sendo assim, em 2003 resolvi “agregar valor acadêmico” ao meu currículo exclusivamente prático e parti para a universidade; já em 2004 ingressei na Universidade Estadual da Paraíba, no curso de Jornalismo; em 2005 foi a vez da Universidade Federal de Campina Grande, onde sou aluno do curso de Arte e Mídia e; ainda em 2005, após consulta especial da instituição ao MEC, fui admitido em regime especial no curso de pós-graduação em Marketing Político e Propaganda Eleitoral do Centro de Ensino Superior Reinaldo Ramos. Como os senhores podem observar, tenho hoje uma carga de estudos bem alta e, além disso, continuo trabalhando para alguns poucos e bons clientes.


2. A QUE VIM:

Toda esta minha sede de conhecimento acadêmico foi causada principalmente pelo desejo de ingressar, em breve, na carreira acadêmica, o que não pode ser feito sem os tais alicerces teóricos, embora eu ainda confie muito no bom e velho muro de arrimo da prática. E, tentando antever o futuro – não o meu, mas o da educação –, nutri um crescente interesse a respeito dos projetos de ensino à distância, tentando sempre estar a par do que se passa neste admirável mercado novo, onde me vejo, no futuro, com grande satisfação e desenvoltura.

Na ânsia de adquirir em um prazo relativamente curto de tempo os elementos necessários para possuir um currículo digno de minha experiência e unindo a esta o meu tempo extremamente exíguo e a possibilidade de conhecer de perto (melhor, de dentro) um desses projetos que considero serem o futuro da educação de nosso país continental, me vi fascinado ao assistir no SBT o filme comercial de sua última campanha publicitária, oferecendo vagas para nove cursos, com preços reduzidos.
Interessadíssimo no que vi, corri imediatamente até ao computador para procurar os detalhes impossíveis de serem incluídos no filme. E foi aí que começou o que prefiro estabelecer aqui como um ESTUDO DE CASO, que, espero, possa ser-lhes útil de alguma maneira.


3. OS “RUÍDOS”:

O filme promocional, com linguagem direta e bom acabamento técnico, foi o que mais me seduziu, diante do interesse que já tinha pelo assunto. Quem o produziu foi feliz por não tentar abordar o assunto de forma muito criativa – o que lhe tiraria o aspecto informativo – e por conseguir introduzir no corpo do anúncio informações extremamente promocionais sem deixar que o filme ficasse muito apelativo.

Após anotar o endereço eletrônico, entrei no site e já aí ocorreu o que poderemos considerar um “pequeno ruído”, pois a página não carregou de primeira, me fazendo ter que efetuar alguns “reloads” até que ela surgisse na minha tela. Ao ver que naquele momento haviam 55 usuários on-line, imaginei que a minha Internet estivesse lenta por algum motivo (embora eu tenha banda larga de 1mbps), pois este número de usuários não poderia sobrecarregar a página de uma instituição que pretende atender a tantos alunos justamente por este meio.

Para descobrir algo mais sobre as instituições que chancelam este empreendimento, fui até o link da Facinter e, mais uma vez, uma certa demora. Quando finalmente a página abriu, cliquei no banner central, anunciando o vestibular e pude perceber que o link que me levaria de volta à página inicial havia sido nomeado como “vestiba” (abro este parêntese para uma observação absolutamente pessoal, pois imagino que uma instituição de ensino superior, que trabalha a partir de conhecimentos essencialmente científicos, deve respeitar uma rígida metodologia de ensino e exige conhecimentos de informática de seus alunos deveria prever que estes observem em seus navegadores os endereços aonde levam os links. Sendo assim, é de se admitir que soa estranho e por demais “despojado” que tal instituição abandone completamente o mínimo de formalidade que dela se espera para denominar este importante e alegado sério procedimento de “VESTIBA”).

Após navegar por alguns minutos pelos sites do grupo e me ver ainda mais interessado no curso de Marketing e Publicidade (principalmente pelo tempo de sua duração e carga horária presencial), decidi averiguar a possibilidade do mesmo estar disponível para a minha longínqua Campina Grande, na Paraíba. Quando vi que a mesma não estava incluída na lista dos locais de curso, não me satisfiz e enviei e-mail pedindo informações sobre a possibilidade do curso ser oferecido aqui e, inclusive (já antevendo alguma oportunidade), caso não houvesse, solicitando informações sobre o funcionamento da tal Tele-sala.

No dia seguinte, recebi uma resposta padrão pré-formatada, daquelas genéricas, orientando-me a procurar no local do site aonde eu já havia procurado os locais dos cursos, como se a resposta tivesse sido simplesmente copiada do FAQ e eu fosse apenas mais um usuário “perdido”. Repeti a procura e mais uma vez não constava Campina Grande entre as cidades. Decidi então entrar no link “Inscrições” e após preencher todos os dados tive a boa surpresa de ver que realmente havia uma tele-sala aqui em minha cidade. Ela só não estava na lista de informações.

Efetuei a inscrição na segunda-feira, à noite, e na terça fui concluir o processo da inscrição, no endereço impresso no comprovante de inscrição (Av Floriano Peixoto, 765 – bairro de Bodocongó). Após “passear” um bocado, já que no endereço fornecido o local do curso estaria em um bairro há pelo menos cinco quilômetros do verdadeiro local (centro da cidade), fui informado, ao chegar lá, que ali não funcionava esta representação, tendo o diretor me indicado que havia algo do tipo no curso de línguas CCAA. Ao chegar ao CCAA, fui informado pela recepcionista – que interrompeu a varrição do seu local de trabalho, em pleno horário de expediente, para me atender – que ali não funcionava e jamais funcionara a Facinter, Fatec ou Uninter, dizendo apenas que outra instituição funciona no local (Unicom), que o processo seletivo já havia acabado e que as aulas já haviam tido início.

Ao chegar em casa, liguei para o call-center do site (0800 704 1234) e fui muito bem atendido por operadora (se não me falha a memória, seu nome era Bárbara), que, muito solícita, comprometeu-se a resolver o meu problema, demonstrando, em seguida, o seu empenho, que só não foi produtivo pela indisponibilidade de dados para me fornecer. Primeiro fui informado que o endereço era aquele mesmo do site, onde funcionaria o Colégio PhD. Ocorre que este colégio não funciona em Campina Grande já há um bom tempo. Após ligar para o número de minha cidade, fornecido pela atendente (83 33223980), minha ligação foi atendida por um fax. Em seguida, a atendente me ligou e me passou um novo número, onde eu deveria falar com o Sr Cássio, porém em João Pessoa, há 120km daqui. Pedi para ela entrar em contato com o dito senhor e pedir para ele entrar em contato comigo. Em poucos momentos, a mesma atendente me ligou, informando que o Sr Cássio não teria como ligar e que ele teria passado o número do celular de uma Sra Aline, responsável pelo curso em Campina Grande e que o endereço da tele-sala seria, segundo o Sr Cássio, na Rua 13 de Maio. Porém, a atendente me informou que ele não havia informado o número. Tentei ligar para o celular informado e não tive resposta.

Ao me lembrar que o curso CCAA, aonde fui pessoalmente, fica justamente na Rua 13 de Maio, decidi ligar e perguntar se lá trabalha uma senhora Aline. Fui informado que sim e que ela é justamente a pessoa encarregada dos cursos universitários à distância do que a telefonista chamou de UNICOM. Como a ligação foi hoje, por volta das 11h00, a telefonista me solicitou ligar novamente após as 12h00, quando se iniciaria o expediente da Sra Aline. Liguei às 12h45 e a pessoa que atendeu me pediu para esperar um “pouquinho”, pois a Sra Aline estaria com um cliente. Aguardei na linha aproximadamente 12 minutos até que a ligação caísse.


4. QUE ESTRATÉGIA...:

Após tantas e tão primárias falhas na comunicação e no atendimento aos clientes, me permiti exercitar minha racionalidade para imaginar como seria o relacionamento desta instituição com seus alunos após a efetivação do relacionamento comercial. A pergunta que não me deixava em paz era: SE ELES SÃO TÃO CONFUSOS E DESINTERESSADOS NA HORA DE CONQUISTAR O CLIENTE, COMO SERÃO APÓS TÊ-LO CONQUISTADO?

5. AS FALHAS:

Eu poderia estar até sendo demasiadamente detalhista se eu não estivesse tratando, primeiramente, com um “pool” de instituições de ensino superior com atuação em nível “internacional”, que se propõe a oferecer serviços de altíssima tecnologia e, finalmente, se o curso oferecido e que mais me interessou não tivesse sido justamente Marketing e Propaganda.

Sendo assim, sou obrigado a agradecer-lhes sinceramente pela experiência, pois já considero este “case” a minha primeira grande experiência no campo do ensino à distância e espero que o meu caso tenha sido uma absoluta exceção, pois, do contrário, só tenho a lamentar por todos aqueles que venham a confiar importante parcela de suas educações formais a uma instituição, no mínimo, desastrada no trato com seus clientes.

Espero que o meu depoimento possa servir para a correção de erros apontados, caso eles efetivamente existam e me coloco à vossa inteira disposição se puder contribuir para este processo.

Finalmente, após tantos “desencontros”, como não poderia deixar de ser, desisti de tentar fazer meu quarto curso paralelo e até que enfim criei coragem e me matriculei há poucos instantes em uma academia, desta vez, de ginástica. A matrícula foi bem fácil. Difícil vai ser a freqüência...


Saudações Amistosas de seu ex-futuro aluno,


Emerson Saraiva
Aos visitantes do Blog, agradeço os comentários sinceros.