quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Como desistir da Universidade antes do Vestibular

Acho que o texto abaixo explica-se por si só...

Clique na imagem para visitar o site.


Prezados Senhores,

Espero que possam reservar um pouco de seu tempo para a leitura desta correspondência e solicito que a mesma seja encaminhada ao Coordenador do Curso de Marketing e Propaganda.

1. UMA PEQUENA INTRODUÇÃO:

Antes de mais nada, acho propício apresentar-me. Meu nome é Emerson Saraiva, tenho 33 anos, nasci e moro em Campina Grande, na Paraíba, onde trabalho como publicitário, produtor de vídeo profissional, consultor de marketing e artista multimídia. Me desenvolvi profissionalmente ao longo de 20 anos atuando no mercado, em agências de publicidade, produtoras de vídeo e empresas promotoras de eventos, basicamente, em várias cidades do Nordeste e também na Europa.

Apesar de tanta experiência, faltava ao meu currículo a imprescindível base teórica, necessária principalmente nos momentos de disputa de empregos e contratos. Sendo assim, em 2003 resolvi “agregar valor acadêmico” ao meu currículo exclusivamente prático e parti para a universidade; já em 2004 ingressei na Universidade Estadual da Paraíba, no curso de Jornalismo; em 2005 foi a vez da Universidade Federal de Campina Grande, onde sou aluno do curso de Arte e Mídia e; ainda em 2005, após consulta especial da instituição ao MEC, fui admitido em regime especial no curso de pós-graduação em Marketing Político e Propaganda Eleitoral do Centro de Ensino Superior Reinaldo Ramos. Como os senhores podem observar, tenho hoje uma carga de estudos bem alta e, além disso, continuo trabalhando para alguns poucos e bons clientes.


2. A QUE VIM:

Toda esta minha sede de conhecimento acadêmico foi causada principalmente pelo desejo de ingressar, em breve, na carreira acadêmica, o que não pode ser feito sem os tais alicerces teóricos, embora eu ainda confie muito no bom e velho muro de arrimo da prática. E, tentando antever o futuro – não o meu, mas o da educação –, nutri um crescente interesse a respeito dos projetos de ensino à distância, tentando sempre estar a par do que se passa neste admirável mercado novo, onde me vejo, no futuro, com grande satisfação e desenvoltura.

Na ânsia de adquirir em um prazo relativamente curto de tempo os elementos necessários para possuir um currículo digno de minha experiência e unindo a esta o meu tempo extremamente exíguo e a possibilidade de conhecer de perto (melhor, de dentro) um desses projetos que considero serem o futuro da educação de nosso país continental, me vi fascinado ao assistir no SBT o filme comercial de sua última campanha publicitária, oferecendo vagas para nove cursos, com preços reduzidos.
Interessadíssimo no que vi, corri imediatamente até ao computador para procurar os detalhes impossíveis de serem incluídos no filme. E foi aí que começou o que prefiro estabelecer aqui como um ESTUDO DE CASO, que, espero, possa ser-lhes útil de alguma maneira.


3. OS “RUÍDOS”:

O filme promocional, com linguagem direta e bom acabamento técnico, foi o que mais me seduziu, diante do interesse que já tinha pelo assunto. Quem o produziu foi feliz por não tentar abordar o assunto de forma muito criativa – o que lhe tiraria o aspecto informativo – e por conseguir introduzir no corpo do anúncio informações extremamente promocionais sem deixar que o filme ficasse muito apelativo.

Após anotar o endereço eletrônico, entrei no site e já aí ocorreu o que poderemos considerar um “pequeno ruído”, pois a página não carregou de primeira, me fazendo ter que efetuar alguns “reloads” até que ela surgisse na minha tela. Ao ver que naquele momento haviam 55 usuários on-line, imaginei que a minha Internet estivesse lenta por algum motivo (embora eu tenha banda larga de 1mbps), pois este número de usuários não poderia sobrecarregar a página de uma instituição que pretende atender a tantos alunos justamente por este meio.

Para descobrir algo mais sobre as instituições que chancelam este empreendimento, fui até o link da Facinter e, mais uma vez, uma certa demora. Quando finalmente a página abriu, cliquei no banner central, anunciando o vestibular e pude perceber que o link que me levaria de volta à página inicial havia sido nomeado como “vestiba” (abro este parêntese para uma observação absolutamente pessoal, pois imagino que uma instituição de ensino superior, que trabalha a partir de conhecimentos essencialmente científicos, deve respeitar uma rígida metodologia de ensino e exige conhecimentos de informática de seus alunos deveria prever que estes observem em seus navegadores os endereços aonde levam os links. Sendo assim, é de se admitir que soa estranho e por demais “despojado” que tal instituição abandone completamente o mínimo de formalidade que dela se espera para denominar este importante e alegado sério procedimento de “VESTIBA”).

Após navegar por alguns minutos pelos sites do grupo e me ver ainda mais interessado no curso de Marketing e Publicidade (principalmente pelo tempo de sua duração e carga horária presencial), decidi averiguar a possibilidade do mesmo estar disponível para a minha longínqua Campina Grande, na Paraíba. Quando vi que a mesma não estava incluída na lista dos locais de curso, não me satisfiz e enviei e-mail pedindo informações sobre a possibilidade do curso ser oferecido aqui e, inclusive (já antevendo alguma oportunidade), caso não houvesse, solicitando informações sobre o funcionamento da tal Tele-sala.

No dia seguinte, recebi uma resposta padrão pré-formatada, daquelas genéricas, orientando-me a procurar no local do site aonde eu já havia procurado os locais dos cursos, como se a resposta tivesse sido simplesmente copiada do FAQ e eu fosse apenas mais um usuário “perdido”. Repeti a procura e mais uma vez não constava Campina Grande entre as cidades. Decidi então entrar no link “Inscrições” e após preencher todos os dados tive a boa surpresa de ver que realmente havia uma tele-sala aqui em minha cidade. Ela só não estava na lista de informações.

Efetuei a inscrição na segunda-feira, à noite, e na terça fui concluir o processo da inscrição, no endereço impresso no comprovante de inscrição (Av Floriano Peixoto, 765 – bairro de Bodocongó). Após “passear” um bocado, já que no endereço fornecido o local do curso estaria em um bairro há pelo menos cinco quilômetros do verdadeiro local (centro da cidade), fui informado, ao chegar lá, que ali não funcionava esta representação, tendo o diretor me indicado que havia algo do tipo no curso de línguas CCAA. Ao chegar ao CCAA, fui informado pela recepcionista – que interrompeu a varrição do seu local de trabalho, em pleno horário de expediente, para me atender – que ali não funcionava e jamais funcionara a Facinter, Fatec ou Uninter, dizendo apenas que outra instituição funciona no local (Unicom), que o processo seletivo já havia acabado e que as aulas já haviam tido início.

Ao chegar em casa, liguei para o call-center do site (0800 704 1234) e fui muito bem atendido por operadora (se não me falha a memória, seu nome era Bárbara), que, muito solícita, comprometeu-se a resolver o meu problema, demonstrando, em seguida, o seu empenho, que só não foi produtivo pela indisponibilidade de dados para me fornecer. Primeiro fui informado que o endereço era aquele mesmo do site, onde funcionaria o Colégio PhD. Ocorre que este colégio não funciona em Campina Grande já há um bom tempo. Após ligar para o número de minha cidade, fornecido pela atendente (83 33223980), minha ligação foi atendida por um fax. Em seguida, a atendente me ligou e me passou um novo número, onde eu deveria falar com o Sr Cássio, porém em João Pessoa, há 120km daqui. Pedi para ela entrar em contato com o dito senhor e pedir para ele entrar em contato comigo. Em poucos momentos, a mesma atendente me ligou, informando que o Sr Cássio não teria como ligar e que ele teria passado o número do celular de uma Sra Aline, responsável pelo curso em Campina Grande e que o endereço da tele-sala seria, segundo o Sr Cássio, na Rua 13 de Maio. Porém, a atendente me informou que ele não havia informado o número. Tentei ligar para o celular informado e não tive resposta.

Ao me lembrar que o curso CCAA, aonde fui pessoalmente, fica justamente na Rua 13 de Maio, decidi ligar e perguntar se lá trabalha uma senhora Aline. Fui informado que sim e que ela é justamente a pessoa encarregada dos cursos universitários à distância do que a telefonista chamou de UNICOM. Como a ligação foi hoje, por volta das 11h00, a telefonista me solicitou ligar novamente após as 12h00, quando se iniciaria o expediente da Sra Aline. Liguei às 12h45 e a pessoa que atendeu me pediu para esperar um “pouquinho”, pois a Sra Aline estaria com um cliente. Aguardei na linha aproximadamente 12 minutos até que a ligação caísse.


4. QUE ESTRATÉGIA...:

Após tantas e tão primárias falhas na comunicação e no atendimento aos clientes, me permiti exercitar minha racionalidade para imaginar como seria o relacionamento desta instituição com seus alunos após a efetivação do relacionamento comercial. A pergunta que não me deixava em paz era: SE ELES SÃO TÃO CONFUSOS E DESINTERESSADOS NA HORA DE CONQUISTAR O CLIENTE, COMO SERÃO APÓS TÊ-LO CONQUISTADO?

5. AS FALHAS:

Eu poderia estar até sendo demasiadamente detalhista se eu não estivesse tratando, primeiramente, com um “pool” de instituições de ensino superior com atuação em nível “internacional”, que se propõe a oferecer serviços de altíssima tecnologia e, finalmente, se o curso oferecido e que mais me interessou não tivesse sido justamente Marketing e Propaganda.

Sendo assim, sou obrigado a agradecer-lhes sinceramente pela experiência, pois já considero este “case” a minha primeira grande experiência no campo do ensino à distância e espero que o meu caso tenha sido uma absoluta exceção, pois, do contrário, só tenho a lamentar por todos aqueles que venham a confiar importante parcela de suas educações formais a uma instituição, no mínimo, desastrada no trato com seus clientes.

Espero que o meu depoimento possa servir para a correção de erros apontados, caso eles efetivamente existam e me coloco à vossa inteira disposição se puder contribuir para este processo.

Finalmente, após tantos “desencontros”, como não poderia deixar de ser, desisti de tentar fazer meu quarto curso paralelo e até que enfim criei coragem e me matriculei há poucos instantes em uma academia, desta vez, de ginástica. A matrícula foi bem fácil. Difícil vai ser a freqüência...


Saudações Amistosas de seu ex-futuro aluno,


Emerson Saraiva
Aos visitantes do Blog, agradeço os comentários sinceros.

3 comentários:

  1. hahaha, essa da academia foi boa.
    ...mas é mermo, se nem eles que vão ensinar sabem direito como fazer a coisa andar, imagina quem eles estão formando? Imagina o curso de administração deles, einh? :|
    tais vendo? e depois a gente ainda fala mal da (merda da.., epa!) Estadual... :) ABs!

    ResponderExcluir
  2. Já mandasse esse texto pra eles, Mercinho? Fala sério!!! Escrevesse rapidim esse texto ein? Que capacidade!! Muito massa! =DDD

    ResponderExcluir
  3. muito bom teu blog Emersom, também trabalho com publicidade e vejo isso sempre, é muito comum esse tipo de empresa, inclusive de outras áreas, trabalho num departamento de marketing e sempre me deparo com fornecedores desse tipo...

    ResponderExcluir