quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O QUE EU ESPERO DO GOVERNO RICARDO COUTINHO


Um milhão, setenta e nove mil, cento e sessenta e quatro paraibanos declararam, no dia 31 de outubro de 2010, que desejam que seu estado seja governado por Ricardo Coutinho de 1º de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2014.

Votar é isso mesmo, é como assinar uma procuração endereçada ao seu candidato preferido autorizando-o a tomar conta de grande parte da sua vida (saúde, educação, segurança, transporte, saneamento...) durante uma boa parcela dela.

Além do número de votos, Ricardo Coutinho se tornou o primeiro em vários aspectos.

O primeiro pessoense a se eleger governador pelo voto popular.

O primeiro representante dos movimentos sociais a conquistar o posto mais importante da política paraibana.

O primeiro candidato a conseguir unificar politicamente a Paraíba.

Outras “primeiridades” rondam esta eleição, mas fiquemos com estas que, por enquanto, são as mais significativas.

Tem se tornado praxe, ao final de todas as apurações, ouvir do vencedor a manjada frase “ontem eu era o candidato de alguns, hoje sou o governador de todos”. Perfeito. A idéia é essa mesmo e aí é que destaco a mais importante “primeiridade” relacionada com Ricardo:

Será, provavelmente, o primeiro governador que efetivamente governará para TODOS os paraibanos.

Quando a gente ouve certos políticos falando que não discriminam aliados e adversários, que estão abertos ao diálogo, que pretendem estabelecer uma relação de colaboração com todos, independente de suas opções partidárias ou ideológicas a gente sempre pensa: “quem come corda é relógio”.

Com Ricardo é enorme a possibilidade de, finalmente, termos, de fato, um governante de todos e tal pensamento não se deve apenas à disposição de Ricardo para sê-lo, mas, principalmente, à impossibilidade das forças contrárias para impedi-lo de ser.

De uma lapada só, Ricardo levou à lona uma das maiores e mais sorrateiras lideranças políticas regionais das últimas décadas, estancou o crescimento de outras que se apresentavam como sucessoras do espólio maranhista baseadas em uma modernidade que nada mais era que populismo vazio disfarçado de competência administrativa, acabou com a credibilidade de grupos e políticos afeitos ao “quem dá mais” e, para completar o círculo, atraiu para junto de si sem maior comprometimento de sua autonomia política e administrativa, a outra força política que polarizava as disputas de poder com o derrotado governador.

Assim, a não ser por alguns gatos pingados que pretendem continuar no exercício de uma oposição predatória, irracional e permanecer acreditando na possibilidade de soerguimento de um grupo político que antes mesmo de sua derrocada já apresentava sinais claros de  uma sobrevivência autofágica, a Paraíba deverá dividir-se, num futuro próximo, em:

OPOSIÇÃO, composta por aqueles que não aceitam o modo de fazer política do novo governador (a maioria, políticos ultrapassados e já mirados pelo olho crítico do eleitorado) e que não acreditam que benfeitorias efetivas para o estado possam resultar em ganhos do ponto de vista político, os que não têm coragem ou humildade para reconhecer que a política está mudando e que Ricardo representa esse novo jeito de se relacionar com as pessoas e os que levaram as disputas e derrotas para Ricardo e seus aliados para o lado pessoal e transformaram seu rancor em um ódio implacável e incontrolável. O pior, para eles, é que grande parte do que ainda resta de oposição é formada por figuras que congregam todas as possibilidades citadas.

SITUAÇÃO, formada por um grande cinturão de atores políticos, advindos de todos os setores da sociedade, que vão desde os remanescentes, como o próprio Ricardo, dos movimentos sociais de base, até os que, de origens diferentes, entenderam que houve mudanças elementares na forma de fazer política e que chegou a hora de dar o próximo passo, através de uma transição onde não apenas tenham ainda a sua parcela de participação, mas, principalmente, ao final da qual poderão levar consigo o sentimento gratificante de ter seguido pelo caminho da correção e da ética. Além desses, a ascensão de Ricardo provoca na sociedade uma espécie de catarse política na qual as pessoas voltam a acreditar na possibilidade de contribuir com seu povo através da participação da vida pública. Finalmente, como não poderia deixar de ser, a esse grupo se juntam, obviamente, os “garapeiros” políticos, que não hesitam em “pegar morcego” em um projeto no qual nunca acreditaram apenas para não perder o trem das benesses ou apenas a satisfação proporcionada pela sensação de poder. Esses últimos são ainda mais perigosos que os opositores, pois, tal como cupins de madeira seca, buscam, de maneira suicida, provocar o enfraquecimento da estrutura que lhes serve, ao mesmo tempo, de casa e comida.

A partir de agora vai ficar muito claro. Quem estiver verdadeiramente com Ricardo estará a favor da Paraíba e quem insistir em fazer-lhe oposição que não seja séria e programática corre o sério risco de, cada vez mais, ficar rotulado pela preocupação exclusiva com seus próprios interesses e/ou daqueles que lhe servem de alguma maneira.

Os que tentarem aliar-se – ou manterem-se aliados – pelo viés do fisiologismo também, conta a história recente, terão vida curta.

Depois, logicamente, de um período difícil, utilizado para tomar pé da situação – que deverá ser assustadora – e para fazer as necessárias correções de rumo em todos os setores, o governo de Ricardo Coutinho deverá surpreender a Paraíba em primeiro lugar pelo alcance de suas políticas públicas, que irão, certamente, atingir de forma indistinta a todos os paraibanos. Em segundo lugar, a nova administração se destacará pelo volume de ações em todas as áreas, graças não apenas à competência no desenvolvimento de projetos e na capacidade de executá-los, mas, principalmente, às condições que serão proporcionadas pela diminuição da corrupção violenta da qual o Estado é hoje vítima indolente e pela busca constante da profissionalização dos serviços públicos.

A máquina encolherá com a saída de uma verdadeira horda de "babões", "chaleiras", apadrinhados e parasitas utilizados pelo derrotado governador para tentar cooptar famílias, grupos e regiões como cúmplices de seus saques aos cofres públicos. Isso fará com que haja recursos não apenas para tratar melhor os que realmente têm compromisso institucional com o serviço público, mas também para investir na melhoria desse serviço.

Não há dúvidas de que haverá insatisfações, como houve na prefeitura de João Pessoa quando o então prefeito propôs a determinadas categorias que cumprissem o essencial de suas funções, ou seja, comparecer e permanecer em seus locais de trabalho, exercendo as funções para as quais são remunerados, nos dias e horários estabelecidos pelos seus vínculos empregatícios. Vai demorar um pouco pra muita gente entender isso...

Acreditamos que a meritocracia efetivamente será praticada na futura gestão e que não nos sentiremos constrangidos, como eleitores e apoiadores do projeto, com a presença de figuras carimbadas de outras gestões, que venham a ocupar espaços importantes para o bom andamento do governo em virtude apenas de suas relações pessoais com “parceiros” políticos ou dos esforços concentrados ao longo da campanha.

Ao que tudo indica, finalmente terão fim as permanentes reuniões de diretoria de órgãos públicos em restaurantes chiques (ou nem tanto) e os despachos etílicos em mesa de bar.

Os que mostraram capacidade e desprendimento ao longo da campanha serão convidados a mostra-los por mais quatro anos e serão cobrados por isso.

Para onde não houver disponibilidade “em casa” de nomes e competências que possam suprir necessidades deverá haver pesquisa e parceria com campos de conhecimento e atuação que possam atendê-las.

Assim acredito que será o futuro Governo da Paraíba, porque assim é o passado de Ricardo Coutinho e assim é o compromisso de Rômulo Gouvêia e todos os demais componentes desse projeto que já se mostrou extremamente competente ao combater em completa desigualdade de forças uma estrutura que não apenas detinha maior poder econômico, mas que, tristemente, optou por utilizá-lo da forma mais vil e irresponsável jamais imaginada.

Parafraseando Victor Hugo, O futuro tem muitos nomes. Para os incapazes, inalcançável; para os medrosos, desconhecido; para os valentes, oportunidade, para o povo da Paraíba, Ricardo.

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